segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Os bons cuiabanos: Percival Santos Muniz

Percival Santos Muniz, 55 anos, é dos deputados mais interessantes de Mato Grosso, nem tanto pelo que faz, porque se desconhece seu trabalho, mas pelo que fala, sendo um orador de queixo duro de botar cabresto, como ao dizer ser impossível trabalhar na Assembleia porque na Casa não há deputados mas "um bando de caititus cevados à milho do Executivo", ou algo assim.

O deputado Percival Muniz, de longo histórico de militante de esquerda, pode ser considerado o cara, para alguns, ao passo que para outros seus arroubos são apenas devido a longa amizade com Johnny Walker.

Outros amigos tem Percival Muniz, mas não se pode dizer que o finado Dante Martins de Oliveira fosse um deles.

Ao discursar em sua Guiratinga, em 2003, Percival disse aos produtores rurais presentes que no ex-governo pagou R$60milhões de juros a quem não tinha juros a receber e isso nem era muito porque mais de R$1bilhão foram desviados do Tesouro “para comprar desembargador, para comprar Tribunal de Contas, para comprar a mídia” e tudo fora escondido numa “caixa-preta”.

Desgostoso, Dante de Oliveira processou Percival por danos morais exigindo indenização de R3milhões.

Como testemunha de defesa, o governador Blairo Maggi disse que viu indícios de temerária gestão pública de Dante de Oliveira, tanto que mandou abrir investigação para apurar a propalada “caixa-preta” do governo anterior, no que foi contraposto pela testemunha de acusação José Antônio Rosa, membro do PSDB, para quem tudo era falso por que a Assembleia Legislativa tinha investigado o mesmo assunto e apurado que “não houve qualquer irregularidade no governo Dante de Oliveira, sendo que a mesma conclusão e mesmo resultado chegou o Tribunal de Contas do Estado”.

Discordaram de José Rosa, o ex-procurador geral de justiça Luiz Eduardo Martins Jacob porque levantava "ações criminosas e ações de improbidade administrativa" no governo Dante e, indo mais fundo, foi ouvido o então procurador da república José Pedro Gonçalves Taques.

Como testemunha de Percival, o procurador Pedro Taques apontou o depósito de R$85milhões de dinheiro público na conta do comendador João Arcanjo Ribeiro que era sócio do secretário de segurança do governo Dante num enredo que foi desvelado quando da “operação arca de noé” numa sequencia investigativa iniciada em 1999 e terminada em 2002 e que culminou em 10 inquéritos policiais, além do assombro popular de que Arcanjo era mandatário nas terras de Mato Grosso.

Ao final do processo, o juiz concluiu que o incontido deputado Percival Muniz proferiu meramente “oração apenas potencialmente ofensiva, porquanto dotada de conteúdo acusatório vago e genérico, sem destinação pessoal precisa. Quem comprou? Quem foi comprado? Em quais circunstâncias de tempo, modo e lugar tais fatos ocorreram? Quem efetuou este ou aquele dispêndio de maneira criminosa ou irregular? Em que situação concreta esta ou aquela verba pública, oriunda desta ou daquela fonte, fora empregada para esta ou aquela finalidade criminosa ou irregular?”.

O processo acabou arquivado quatro anos depois, mas o espólio de Dante de Oliveira o lançou de novo em segunda instância, para defender sua honra e glória, justamente quando se aproximavam as eleições. O tempo passou, a memória do "Senhor Diretas" Dante esmaeceu, os amigos do PSDB foram fagocitados e, em 2011, segundo o site MidiaJur, o processo acabou sepultado pela inércia e o desinteresse do próprio espólio. Enfim, rei morto!

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