A Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso, FAMATO, fez um comercial-desagravo do povo mato grossense na contracapa da revista Veja desta semana, casou a potencialidade e o desenvolvimento do estado com o repúdio ao ministro Joaquim Barbosa, do STF quando usou o termo “capangas de Mato Grosso”.
Existem apenas dois tipos de gente nesse mundo, o patrão e o peão. Em Mato Grosso o patrão quase sempre está associado ao uso de capangas, seja nas fazendas, seja nas empresas, seja na política, seja em qualquer atividade por um motivo muito simples, quem confia na Justiça?
Quantas histórias existem sobre patrões tomando terras dos outros ou transformando seus peões em escravos simplesmente porque o acesso a justiça formal é intransponível ao pobre, havendo mesmo juiz que barra o acesso ao seu fórum se o peão não estiver com terno e gravata, ou “trajes adequados”.
Falando em tomar terras, nos anos 80 um fazendeiro goiano tomou a fazenda de um mato grossense em Alto Taquari avançando os marcos da divisa de GO sobre MT. Mesmo após o Exercito dar o parecer técnico e recompor os marcos a Justiça de Mato Grosso está há 20 anos se decidindo sobre o assunto. Se o fazendeiro mato grossense tivesse mandado bala no invasor goiano teria resolvido o assunto há 25 anos.
Normalmente o patrão é branco e o peão é negro, se as coisas são assim, então o branco é rico e o negro é pobre. Cada coisa no seu lugar para não perturbar o universo das coisas. Se a FAMATO é uma associação de brancos então o ministro Joaquim Barbosa, negro, jamais deveria censurar o patrão Gilmar Mendes, ainda mais usando o termo “capangas de Mato Grosso”.
Falando em negros. O publicitário que fez o comercial para a FAMATO é um negro pau-rodado bem sucedido que detém as contas mais importantes do mercado local, incluindo, é claro, o setor público. O cara é tão inteligente, ou tímido, ou arrogante, que não se sabe qual foi a sua intenção com as imagens. Fico com o óbvio, a do peão que quer ferrar o patrão.
A primeira imagem é algo que todos conhecem por estar no imaginário mundial, a mata amazônica, que tem uma parte em Mato Grosso.
A segunda imagem também está no imaginário mundial por que transformaram tanto a floresta quanto o cerrado numa grande plantação monocultura, no caso a soja, enriquecendo poucos e destruindo o patrimônio de todos.
A terceira imagem mostra um pai branco, é claro, os patrões são brancos, com seu filho no Parque Mãe Bonifácia, ou seja, após enriquecer destruindo o patrimônio mundial está brincando numa área pública que restou porque é o quintal da sua casa, e que se danem os outros, o interior, os índios, os pobres, os negros, gente que não tem muitos motivos para gostar de Mato Grosso como gosta a FAMATO.
Um comentário:
Cara.. ficou muito bom o texto..
Muito bem analizado.
O blog também tá legal
Parabéns.
http://www.barracadoguga.com.br
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