“Amigo, vou pedir que você recolha suas coisas, vamos para delegacia”, foi essa a frase que ouvi hoje cedo de um PM na Avenida do CPA, ou Historiador Rubens de Mendonça.
Como sempre faço, duas vezes por mês abasteço o carro e o deixo para uma meia-sola enquanto tomo café e passo numa barraca debaixo de uma agencia bancária para escolher alguns DVD´s by Pirate Co, algo como 4 por 10.
Como sou esperto não compro os DVD´s de filmes que ainda estão dentro da janela de lançamento porque a cópia é uma filmagem direta sobre a tela do cinema e a qualidade é sempre ruim.
Falando em esperteza, estava indo para minha costumeira compra quando notei uma barraquinha de DVD´s em frente ao Centro Empresarial Paiaguás. Esse edifício serviu durante alguns anos como sede da Justiça Federal e, continua sendo a sede da Construtora São Benedito, do Grupo Malouf, que o construiu em 1998.
Achei corajoso o cidadão que colocou seus piratas justo ali, onde o bicheiro Arcanjo também colocava uma barraquinha da Colibri. Nem parei e segui até o Banco do Brasil para comprar as pechinchas dos lançamentos em vídeo.
Mas fiquei decepcionado porque os discos estavam todos em algumas caixas e comprei apenas 8, incluído dois CD´s da novela “Caminho das Índias”. O vendedor ainda me disse que tinha que fazer assim senão teria problemas com a polícia. Pensei “ô sujeitinho cagão, na época do Arcanjo os cambistas não tinham medo não”.
Chateado com a falta de atendimento porque esperava todos os discos estendidos na barraca, resolvi comprar do cara que estava no antigo ponto do Arcanjo.
Então cheguei na barraca em que todo o material estava exposto e comecei a ver os discos de filmes, jogos e músicas. Chegou outro comprador que parou para escolher. Chegou um terceiro que percebo apenas estar vestido de preto, boné preto, óculos escuros e, num último relance botas pretas, daí me toquei e olhei pro cara ,que, estava focado no dono da barraquinha. Então o moço do coturno com um colete à prova de balas falou “amigo, vou pedir que você recolha suas coisas, vamos para delegacia”.
Macho como todo cidadão da classe média, fiquei parado no tempo olhando a dupla de PM´s e, como vi que não era comigo sai de perto e só ouvi o vendedor dizendo “você me faz um favor?” e o PM respondendo “não”. Não ouvi mais nada porque minhas pernas já estavam me levando para longe daquilo tudo.
Um pouco distante um jardineiro disse para mim “esses caras ficam embaçando, porque não deixam o coitado trabalhar”, eu só me virei rapidamente para ver os três - e não vi o outro comprador , que deve ser mais macho que eu - e respondi com a força do poderoso "ahmham, pois é” e continuei caminhando.
O que eu poderia fazer ou dizer?
Os PM´s agiram com educação e cumpriram com seu dever, especialmente porque o “vamos para a delegacia” não me incluía e depois não tenho nada haver com essa situação de pouca vergonha que permeia nossa Cuiabá.
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