segunda-feira, 22 de março de 2010

Mulheres que amam demais: final de semana na periferia


A moça aterrorizada gritava alguma coisa num som de medo, cansaço e dor, enquanto corria descalça e tentava evitar as pedras que acabavam por acertar suas costas. Ela corria num ziquezague no asfalto esburacado da rua da sua casa para fugir do seu namorado que tentava derrubá-la com chutes e pedradas.

Acabou acossada num muro perto do carro de um vizinho. Começou a correr ao redor do carro. Em pânico, o vizinho surgiu, entrou no carro e o guardou na garagem. Mais dois carros rapidamente foram recolhidos as suas garagens e os portões trancados. Restou a moça, suja de terra e sangue continuar correndo, de uma esquina à outra, indo e voltando.

O rapaz cansou. Trôpego, montou em sua moto e foi embora. Antes disso havia destruído a moto da sua namorada, bem como passara a manhã destruindo a casa dela. Entrou na casa da moça duas vezes naquela manhã de domingo e quebrou tudo o que conseguiu quebrar. A namorada não estava, por isso ele passou várias vezes em frente a casa até encontrá-la.

Os dois haviam se conhecido naquela mesmo lugar, onde funcionava uma boca-de-fumo. Ele usuário, ela a dona. Sozinha, com um ex-marido preso por assalto a bancos e carretas, sem parentes próximos, com as duas filhas tomadas pelas respectivas avós, tocava a “boca” herdada do ex-marido.

Tinha uma clientela razoável, de pés-de-chinelo aos bacanas de carros luxuosos, passando por policiais que, durante as folgas comprava seus produtos, maconha e cocaína. Aceitava apenas dinheiro, diferentemente de outras “bocas” próximas que também pegavam objetos. Outro diferencial que tinha eram as festas-de-aniversário nos finais de semana, onde, sempre apareciam desavisados que levavam crianças.

Um dia a polícia passou e parou devido a uma moto estacionada em frente. Era roubada. A polícia bateu palmas, ela foi atender e, correu casa adentro. Então foram levados à delegacia o motociclista e a moça com uma sacola de bagulho. Ela ficou presa por pouco mais de um ano. Nesse tempo, seu namorado se acalmou, parecia não usar mais drogas e namorava outra moça.

Assim que passou para o regime de albergado, a moça procurou o rapaz, levou-o para sua casa para passarem a noite. Na segunda noite consumiram pó. Ele ficou transtornado, a cor clara da sua pele se tornou azulada e a violência tomou conta. A vizinhança ouviu barulhos e pedido de socorro à noite toda, acostumados, deixaram para lá. Provavelmente a moça seria morta naquela manhã, ou talvez não. A polícia chegou rápido. Pegaram o rapaz.

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