“Piqui
Roído” (http://resenha-rest-cba.blogspot.com.br/) é dos blogs mais interessantes por
conta da crítica ácida a alguns comportamentos cuiabanos ou “sobre certos
absurdos da cidade não falados pela mídia local”. É claro que o autor é anônimo,
daí a liberdade com que aponta pequenas maracutaias e outras manobras nos bares
e restaurantes nativos por que se fosse conhecido seria tão mimoso ou cuti-cuti
quanto o “Panelinha Cuiabana” (http://panelinhacuiabana.blogspot.com.br/).
A
“metrópole” pode contar com 500 mil habitantes e ser a capital do Estado, porém
a mentalidade provinciana é reacionária a modernidades como liberdade de
expressão. E aí dá-lhe pau no lombo dos incautos. Então em Cuiabá é normal que
um jornalista gozadinho seja processado ao colocar um nariz de pinóquio num
figurão inábil com suas promessas, ou um jornalista maluquinho ser perseguido
ao escrever um artigo pouco lisonjeiro a outro figurão local.
A
começar o nome do blog é curioso e irreverente.
A
expressão cuiabana “pequi roído” é tradicionalmente usada para resumir o caráter
de um homem tido como imprestável, vagabundo ou sem futuro, ou seja, quando se
diz “fulano não vale um pequi roído” é mais significativo e enfático que “não
vale um dólar furado” ou “não vale o prato que come”. É claro que para não
forçar a amizade, quando se lança a expressão no rosto de alguém tudo é dito
com muito carinho, e também na ausência do tal fulano.
De qualquer
forma, as postagens do “Piqui Roído” são centradas nas coisas observadas ou
acontecidas com o autor, solteirão, maduro, que gosta de comer, beber e
reclamar dos serviços de bares e restaurantes e afins de Cuiabá. Aliás, pelo tanto
que reclama, gostar de pegar fila, usar palavrões e estrangeirismo, tem-se a leve
impressão que o autor do “Piqui Roído” seja um paulistano enrustido. Só falta
me aparecer evocando a origem italiana e ser eleitor do PSDB.
Mas
gosto do blog do cara também pelas pérolas que solta como “o El Pancho traiu o
movimento mexicano, véi”, e aí desanda a meter o pau no bar. Ou ainda, “sábado
dei uma passadinha no bar do Lucius prá matar a saudade, tava com espírito
boêmio”, explicando que o bar do Lucius “virou point porque uma meia dúzia de
universitários começou a frequentar e hoje virou esquenta da boate gay Zumzum”.
Confesso
que o melhor trecho de todas as postagens, e que me levou até o “Piqui Roído”
foi sobre a pizzaria e choperia Hit, de um dos filhos da finada professora Edna
Maria de Albuquerque Affi, uma das mulheres mais importantes de Mato Grosso. O
dono da pizza Hit é José Mario de Albuquerque Affi, discretíssimo fiscal de
tributos estaduais.
Eis o estilo:
Eis o estilo:
“Pouco depois do Lucius tem o Pizza hit, um local que é um verdadeiro
mistério a ser estudado do capitalismo: tá sempre vazio mas nunca fecha! (...) O
letreiro até que foi renovado, mas a parte onde a marca de bebida com a qual o
estabelecimento tem contrato não! É a logomarca da Brahma de quinze anos atrás!
E, enquanto voltava para o carro, pude observar que as cadeiras, de plástico,
tinham logomarca do Guaraná Brahma! Fiquei até me perguntando agora se eles
aceitam cartões... talvez até aceitem, mas a maquininha, no mínimo, deve ser do
tempo do Rede card. Museu mesmo...”.
Deverasmente, um verdadeiro mistério do capitalismo em Cuiabá.
2 comentários:
Oi, Paurodado.
Sou o blogueiro por trás do Piqui roído. Estou deixando este comentário para agradecer a visita. E fico feliz que, apesar de você não concordar com tudo que digo, valorize a liberdade de expressão que exerço com o blog. Quem dera todo mundo fosse assim. O xociedade, por exemplo, volta e meia sofre com advogado bravinho ou colunista sem senso de humor querendo procesá-los. =p
Quanto ao meu perfil que você tentou tecer, posso assegurar que você errou em alguns pontos. Sou cuiabano de nascença, então me dou ao direito de falar dos pontos fracos da prestação de serviços de nossa querida cidade. Não é porque gostamos de nossa terra que devamos ficar alheios aos abusos de pessoas que realizam um serviço ruim para a gente.
Você acertou quanto minhas origens: sim, tem um lado de minha família que é italiano, mas isso é circunstancial e pouco tem a ver com minha personalidade: eu, por ex., detesto gritaria. Confesso que gosto de reclamar sim, mas gosto porque unanimidades são burras. E porque quanto mais gente "pensa" da mesma forma, mais elas estão sendo enganadas ou perdendo a capacidade de se indignar.
Agora, quanto às minhas inclinações partidárias, posso adiantar que não penso em votar nos tucanos tão cedo. Ao contrário do que o dito popular diz, política se discute sim. Minha única convicção política, alheia a partido, é a de que, independente de quem elejamos, é preciso oxigenar o máximo possível, e é por isso que tenho descrédito pelo instituto da reeleição. No final das contas, a política brasileira deixou de ser ideológica faz tempo, então a divisão entre partidos é bobagem. Não existe mais oposição aqui. E nem vai, se depender de nossa mídia anódina...
Quanto ao Pizza hit, agradeço o adendo que você fez ao meu post. Nem fazia ideia de que pertencia à família Affi, o estabelecimento. A única Affi que conheço é a Rose, com quem tive aula na faculdade.
A propósito, você já ganhou um link em minha página. Virei te visitar mais vezes, gostei dos textos.
Abraço
Senhor blogueiro,
Sou filha da profa. Edna Affi e irmã de José Mário de Albuquerque Affi. Achei de péssimo gosto a sua insinuação entre o fato de meu irmâo ser um discretíssimo fiscal de rendas da fazenda estadual e a pizzaria parecer sem movimento, com maquininhas de cartão de crédito antiga, etc... O senhor devia se informar melhor antes de lançar essas suspeitas, pois, a Pizzaria existe há mais de 15 anos e aproximadamente há 3 anos, meu irmão por concurso público tomou posse no cargo. O estabelecimento tem uma clientela sólida, consolidada pelo trabalho incansável de minha cunhada karina que se dedica de forma integral à pizzaria e com sua gentileza é merecedora por parte de seus clientes,não somente da fidelidade comercial, mas, de amizade e respeito. Somos filhos de José Affi, homem empreendedor e honesto, que junto com seu pai Tufik Affi e seu irmão Pedro Affi, construíram um sólido nome comercial com a Casa Oeste, armazém de estivas, o maior de Mato Grosso, a Casa Tufik Affi, onde eram revendedores exclusivos dos caminhões GMC, dos automóveis Pontiac, pneus Goodyear, geladeiras Frigidaire, rádios Philco, combustíveis Texaco, revendores exclusivos da Willys Overland do Brasil, da Jeep.
José e Pedro Affi construíram na década de 50 o primeiro prédio de Cuiabá, onde hoje é a loja Riachuelo, na Praça da República e foram os pioneiros, instalando o primeiro elevador de Cuiabá.
Isso é uma parte da história, somente!
Portanto, o senhor como se intitula, um pau rodado, deveria melhor se informar, antes de lançar suspeição sobre pessoas de caráter íntegro e passado limpo, por absoluta falta de assunto.
Espero que o senhor tenha a hombridade de se retratar, porque somente, hoje em pesquisa no Google pelo nome da minha mãe, pude ter a desagradável surpresa de ler este seu infeliz e tendencioso comentário.
Elisabeth Mary Affi da Costa
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