O tiozinho se esforçava atrás
da gostosa, na posição cachorrinho. Ele arfava, e não reconhecia seu rosto nos
espelhos, mas a barriga saliente, e a bunda chulada lhe eram constrangedoramente
familiares, então desviava os olhos para as ancas da moça, e se deliciava a
cada arremetida que provocavam ondas na bunda roliça e balançavam os peitos
enormes. Ela soltava gemidinhos, algo como “arf, arf, arf”. Tão bonitinha. Após
o gozo se deitou ao lado da moça, que se desvencilhou e ficou de ladinho, já
brincando com o celular. Danadinha.
Era a sexta vez que saiam
juntos, ou melhor, quinta, pois uma vez ela mandou uma amiga. Até pensou num
ménage, uma safadeza de menino desde as revistinhas do Carlos Zéfiro e dos
Catecismos Carrera. É claro, aquela lindeza de moça era garota de programa. E
nunca cobrou programa algum, tudo de grátis, como gratidão, pensava o tiozinho,
um safadinho, mas um cavalheiro. Lembrou-se de cinco semanas atrás.
Ia pela Avenida Miguel Sutil para
casa no bairro Santa Rosa, e como sempre, o trânsito estava pesado, e parou de
vez sob o viaduto da rodoviária porque de um carro adiante saltou esbravejando
uma moça loira, do outro lado um rapaz moreno a mandava entrar. Ela correu para
o carro do tiozinho, gesticulando, entrou, e pediu chorando que a tirasse dali.
Eles foram embora, para lugar algum, em direção a Avenida da FEB.
A moça usava maquiagem pesada,
azul ao redor dos olhos, e os longos cabelos caíam sobre a blusinha colada que mal
continham os peitos enormes. Era garota de programa e tinha brigado com o
cafetão. Ela falava e falava, e ele pouco prestava atenção, pensava se era
siliconada ou tinha os peitos naturais, concluiu que eram silicones porque os
peitos não provocavam as deliciosas ondinhas gelatinosas. Ela lhe pediu o
número do celular e ele deu, conversaram, ficou mais calma, e ele a levou para
casa, um prédio no bairro Goiabeiras.
A garota bonita e gostosa ligou
na semana seguinte, disse que não estava fazendo programas desde a briga e que
queira sair para espairecer. O tiozinho foi até o prédio e ela já esperava,
usando uma blusinha branca que mostravam o quanto era avantajada e um short
curtinho que mostrava que a bunda era um colosso. E equilibrando tudo, um
sapato de salto alto, muito alto. Ele perguntou aonde queria ir, e ela disse um
chope, passear no shopping, algo assim. Ele perguntou sobre motel, e, para sua
satisfação ela topou.
Iriam para o sétimo encontro
amoroso. Marcou, picou a mula pro motel, e a esperava do jeito que ela gostava,
nu, com todas as luzes acessas e mostrando que estava feliz em vê-la com a
estrovenga tesa. Um amorzinho a garota. Ela chegou logo e estava um arraso, a
coisa toda prometia.
Então ela jogou sobre a cama 30
fotos, falou algo como R$1mil por unidade. O tiozinho parecia bobo e pouco entendeu
do “achou que era de graça? você sabe que sou garota de programa, que cobro por
momento, e comigo é caro”. Ela saiu, e disse que pegaria o dinheiro no dia
seguinte. O tiozinho ficou congelado no tempo. Olhou para as fotos, e era ele, a
bunda murcha, o barrigão, as mamas de velha, a boca dele no dedão dela, o dedo dela
no fiofó dele, se arrepiou de vergonha por que a anarquia estava toda
registrada.
Entregou quase R$10mil a
ex-amiga-amante-gostosa, mulher falsa, dos cabelos alisados e coloridos à
força, dos peitos falsos, da bunda cheia de furinhos... ô bunda boa... a mulher
era boa mesmo, não podia negar. Então reparou que ela nem entrava no prédio e
reconheceu o carro do cafetão estacionado próximo. Ela ficou brava, queria todo
o dinheiro, mas aceitou esperar quinze dias para receber os R$20mil.
Alguns dias depois,
fortuitamente, avistou a loira saindo do supermercado Modelo, da Ponte Nova, e
a seguiu até entrar numa rua diferente das características ruas estreitas do
bairro Cidade Verde. No sábado a esperou por horas no supermercado até vê-la
entrar com um garotinho. Enquanto ela parava na seção de bebidas, o garotinho
foi para outro lado. O tiozinho conversou com o menino, que educadamente
respondia tudo, e disse que era amigo da sua mãe e que o levaria onde ela
estava. A loira avistou o tiozinho e ficou sem reação, sem cara de zanga, de
simpatia, nada, apenas recebeu das mãos dele o seu filhinho e o recado “cuide bem
dele, é um belo garoto, e não o perca de vista, nunca o perca de vista, ouviu
bem?”.
Um comentário:
É... quando a esmola é demais...
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