terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Houvesse aqui o mar...

Cuiabá, a "cidade verde", seria uma bela cidade se conservasse o seu encanto "provinciano”. Optando pela "modernidade" construída com os "paus-rodados" e, com a ajuda da "cuiabania' - ou elite empobrecida -, eis que a cidade é tão "zinha" quanto qualquer currutela brasileira.

Segundo o pesquisador Maurício Munhoz, da Prodatafolha, pouco mais de 500.000 pessoas moram aqui, sendo 200.000 cuiabanos natos, 100.000 outros mato-grossenses e 200.000 brasileiros em geral. O total da força trabalhadora é de quase 400.000 (acima de 16 anos).

Agora, ao mesmo tempo em que 30.000 possuem renda pessoal acima de R$3,5mil, outros 160.000 contam com o máximo de R$760,00 e, piorando, 40.000 estão desempregados (metade cuiabanos natos). Além disso, 250.000 habitantes possuem o ensino médio e, menos de 100.000 o nível superior completo.

Entretanto, os números pouco dizem da distribuição de renda em Cuiabá, aliás, do mesmo modo que Cuiabá é uma cidade extremamente quente, Cuiabá também é uma cidade desigual. O fotográfo Edson de Freitas mostra os prédios, as casas, os espaços vazios, mas, ainda não mostra o contraste rico-pobre cuiabano.

Houvesse aqui o mar...

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

As contribuições do Shopping Pantanal para Cuiabá.

Após um longo tempo, após a falência da construtora Encol, após recuos nas negociações com a massa falida da construtora, finalmente, o terceiro shopping de Cuiabá foi inaugurado: o Pantanal Shopping.

O impacto desse centro comercial foi grande na cidade por trazer lojas aguardadas pela população como as Casas Bahia, Americanas ou C & A, entre outras boas lojas de bons centros comerciais.

Novidadeiro, esse empreendimento goiano trouxe algo desconhecido dos cuiabanos: estacionamento pago.

Lascaram R$2,5 por carro. Após mugirem aqui e acolá houve uma confortável e bovina aceitação da clientela cuiabana. Ganhar dinheiro nunca foi tão fácil. Depois disso a cobrança proliferou pela cidade, com vários estabelecimentos importando a cancela eletrônica goiana – até mesmo o hospital dos mais abonados, o Jardim Cuiabá.

Inicialmente, o Pantanal Shopping foi desdenhado pela elite local, primeiro por estar localizado ao lado de um residencial de barnabés chamado Terra Nova, de um bairro de classe média baixa chamado Canjica, da colossal igreja da Assembléia de Deus e, pior no setor residencial da patuléia chamada Grande CPA (vários bairros surgidos após o governo estadual construir um residencial para seus trabalhadores, daí foram surgindo as etapas II, III, IV e, como é comuníssimo na Capital, invasores e grileiros construíram os outros bairros).

Ademais, a elite local freqüenta o primeiro shopping da Capital localizada em sua área mais nobre, o Goiabeiras – aliás, acharam esse centro comercial tão chique que trocaram o nome provinciano do bairro para Goiabeiras, no final dos anos 80. Além disso, os novos-ricos também dispõem de um shopping, o Três Américas – para variar, o bairro surgido nos anos 90 se chama Três Américas.

Ocorre que a clientela desses dois centros comerciais observaram que o Pantanal Shopping não é freqüentando tão somente pelos barnabés (que o transformaram em "anexo" de suas repartições de trabalho), ou pelos moradores de cidades vizinhas (que são "bairros" de Cuiabá), muito menos pelos moradores dos bairros próximos (sendo a maioria de classe média baixa, mesmo por que pobre pé-de-chinelo não entra, há vistosos guardas zelando pela “segurança”). Sim, o shopping é freqüentado pelos ricos mato grossenses do chamado Nortão de Mato Grosso. Naturalmente, houve uma migração das clientelas para o terceiro shopping de Cuiabá, é claro.

Cuiabá nunca mais foi mesma após o Pantanal Shopping. Por sua conta soubemos que três prédios residenciais construídos ao seu lado são irregulares por que estão sobre área ambiental. Depois soubemos que há leis rigorosíssimas sobre a questão ambiental. Também soubemos que todos os bairros ao redor estão irregulares por que estão em área de preservação ambiental e que empreiteiras e particulares se apossaram de espaços públicos e devastaram espaços verdes de proteção permanente. Sim, soubemos que os cuiabanos são, são, sei lá-o-quê.

Enfim, após o shopping goiano dar o pontapé a bola continua quicando.





quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

O maior fraudador da SUDAM

Cuiabá desconhecia o cidadão milionário José Osmar Borges até o começo de 2001 quando o juiz federal Jefferson Schneider decretou sua prisão a pedido do procurador José Pedro Taques por conta do desvio de R$70 milhões da SUDAM - Tempos depois esse valor subiria para R$140milhões.

O procurador Taques começou seu trabalho após o TCU apontar que a Agropecuária Santa Júlia, com sede no PA, havia emprestado R$3milhões para um projeto de pecuária no município mato grossense de Água Boa, mas, não havia um boizinho pastando. Dizem que o dinheiro fora desviado para a
Cotton King, no Distrito Industrial de Cuiabá, mas, a empresa não funcionava, apesar dos fiscais da SUDAM dizerem o contrário.

Igual ao seu conterrâneo João Arcanjo Ribeiro, José Osmar Borges saiu da miséria goiana e caiu na riqueza cuiabana, s
oubemos na época que possuía quase 20 empresas, quase todas com o nome “saint germany”, quase todas com problemas junto ao fisco e, quase todas em sociedade com mulheres. Apesar do empreendedorismo feminino, a participação de mulheres em empresas cuiabanas sempre foi indício de irregularidade, algo como preposto de homens enrolados, ou no caso de José Osmar Borges - com parentes ou funcionárias pessoais -, “laranjas”.

Certamente, a sócia mais famosa de José Osmar Borges foi Márcia Cristina Zaluth Centeno, que comprou a outra metade de uma fazenda por R$200mil, mas, as terras não valiam R$400mil e sim R$2milhões. Márcia Centeno é esposa do político paraense Jader Fontenelle Barbalho, e se tornou conhecida no chamado “ranário da mulher do Jader”.

Aliás, José Osmar Borges - junto ao engenheiro agrônomo, latifundiário em Mato Grosso, e dublê de policial federal Alberto Coury Júnior - é tido como o principal "laranja" de Jader Barbalho.

A associação de Jader com Osmar poderia passar despercebida – apesar dos negócios milionários -, não fosse o então senador Antônio Carlos Magalhães tê-lo denunciado - por conta da decisão do paraense de concorrer à presidência do senado. No bojo, o senador Jader renunciou e, logo depois o senador Antônio Carlos também renunciou, mas, devido ao caso da “violação do painel do senado”.
Enfim. A rede de proteção desse caso é vasta e segura o suficiente para dezenas de nomes continuarem desenrolando com seus bons negócios, seja no PA, MT, GO, TO, MA e DF.

E, em torno dessa questão, de desvios e corrupção com dinheiro público, eis que, o mais tenaz defensor do povo brasileiro "a oeste de tordesilhas", o cuiabano Pedro Taques foi “promovido”
para São Paulo.

Quem é José Pedro Taques? Talvez a sua atuação mais conhecida seja o desmoronar do império criminoso de João Arcanjo Ribeiro. Mas, esse é apenas um dos casos, há dezenas de outros cujos efeitos demoram a ser percebidos devido as cancerosas armações concomitantes a imunidade do chamado “braço político do crime organizado em Mato
Grosso”.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

O curioso hábito das filas dos barnabés cuiabanos


Curioso o hábito cultivado pelas pessoas - e nem direi cuiabanos de modo específico. Ao andar pela tranquila região cuiabana denominada "Centro Político Administrativo", setor urbano que agrupa a maioria dos órgãos públicos estaduais, eis que a pacata rotina se torna uma alvoroço em horários específicos, em torno das 8h, 12h,14h e 18h.

Provavelmente, 20 mil pessoas trabalham no chamado "CPA" (sendo praticamente 20 mil carros, por que o cuiabano moderno não é solidário, coisas de homens ocupados), logo, nos quatro horários de corte dos expediente dos barnabés surgem filas de carros, enormes, nervosas e histéricas. Então, em alguns quartos de hora, tudo some, restando alguns cacos de parabrisas quebrados nas ruas e a irritação contra o outro motorista-colega mau-educado.

Mas, diariamente, os barnabés cuiabanos também cultivam filas frente aos pontos eletrônicos que registram seus cortes de expediente. Assim, filas se formam 15 minutos antes das saídas, aguardando o momento exato para "bater o ponto" - e, apesar da "modernização da máquina pública", ainda existem órgãos que usam o antigo livro-ponto, em que o trabalhador assina e o gerente escreve a hora da assinatura.

Pode ser que filas sejam sinal de progresso, em toda boa Capital o ibope de algo é medido pelo tamanho da fila. Se a comida é boa, o restaurante tem fila. Se a loja é boa há fila. Se o médico é bom...Digo, se o médico particular é bom há uma fila de espera, ou melhor uma agenda de atendimento, em que quanto mais tempo de calendário maior o status do profissional.

Deixemos de lado o que evoca o antiguado e a pobreza, como fila de posto de saúde. Retornemos aos remediados, aos que trabalham para o governo.

Em alguns órgãos públicos existem caixas eletrônicos do Banco do Brasil e, mensalmente, filas de barnabés se formam frente a esses caixas. Sabemos que os companheiros funcionários públicos recebem quando as filas se formam diante dos caixas do Banco do Brasil, ou quando as cantinas das escolas se enchem de garotos felizes dispostos a tomar tubaína até cair, ou mesmo quando procuramos um quarto de motel para descançar os ossos cansados e não encontramos nenhum disponível, estando todos ocupados (coincidentemente, o setor dos servidores públicos possui vários motéis próximos).

Enfim, havendo recursos tecnológicos à disposição de pessoas "estudadas" por que estas pessoas deixam de programar o pagamento de suas contas? Ficando à mercê dos dias-de-pagamento? Por que será que as pessoas programam seu cotidiano em cima de horários de tolos? Ainda bem que Cuiabá é uma pequena Capital, em que as distâncias não passam de 15km e existe uma robusta rede familiar amparando os doidinhos do funcionalismo público cuiabano.

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