Pau-rodado: Os bons espaços cuiabanos

O Parque Mãe Bonifácia possui quase 80 hecatares e durante trinta anos serviu como campo de instrução militar para o Exército - era chamada de "Estande de Tiro Mãe Bonifácia".

Então, em 1997 o governo estadual trocou uma área de 105 hectares na região do CPA próxima ao Quartel da 13ª Brigada, avaliada em R$8,5milhões pela área do Mãe Bonifácia, avaliada em R$7milhões, para instalar em 2000 o chamado “Parque da Cidade de Cuiabá”.

O projeto do Parque ficou parado até que a multinacional de energia norte-americana Enron começasse a financiar a sua infraestrutura como compensação ambiental pela construção da termelétrica localizada no Distrito Industrial, a chamada “Usina Mário Covas”.

Para saber mais sobre a Enron, a sétima maior companhia dos EUA que dobrou George Bush e promoveu o caos na Califórnia, resultando na eleição do único homem capaz de pôr ordem na anarquia , o exterminador Arnold Schwarzenegger, existe um documentário chamado Enron: os mais espertos da sala (Enron:the smartes guys in the room, 2005).

C´os R$3milhões da Enron os R$7milhões previstos ficaram por conta do Ministério do Meio Ambiente (é claro que nesses convênios de dinheiro a fundo perdido, o estado sempre entra com uma contrapartida, ainda que seja uns trocados).

Inicialmente estavam previstas algumas obras dentro do Parque, como a canalização e tratamento dos córregos Caixão e Mãe Bonifácia para formação do lago de 5,5 hectares para abrigar peixes e aves nativas, pedalinhos, palco flutuante e modelismo naval (algo melhor que o paulistano Ibirapuera).

Além do lago, deveria ter sido construída 200 vagas de estacionamento no 2º portal de acesso (pela rua Filinto Muller), e, no 1º acesso (pela Miguel Sutil), deveria ter sido construído banheiros, 12 quiosque para alimentação e espaços para descanso e convivência para deficientes e terceira idade (algo melhor que o oferecido pelas praças centrais).

Infelizmente, o secretário do Meio Ambiente do governo Dante de Oliveira, Frederico Guilherme Muller, o Ito, sobrinho de Filinto Muller, cortou metade do planejado (na época seu irmão gêmeo, Guilherme Frederico Muller, o Nani, ex-cunhado da atriz Totia Meirelles, era secretário de Planejamento).

Mas, enfim, essa parte do “caras cuiabano” não é interessante, e sim que o projeto foi tocado pela Construtora Triunfo e pela IM, de propriedade da ex-secretaria de planejamento Inês Martins de Oliveira Alves, por acaso irmã do governador – não por acaso o jornalista Marcos Moreira chama o Parque de “Irmã” Bonifácia.

Atualmente o Parque está cercado por belos empreendimentos imobiliários por possuir um dos melhores climas de toda a cidade.

Ainda em 2001 houve uma tentativa municipal de coibir a construção de prédios no entorno do Parque, mesmo havendo uma legislação estipulando que os prédios deveriam ter no máximo o triplo da metade de cada terreno.

O poder público não só não conseguiu barrar a escalada dos prédios como também não conseguiu evitar que se jogue água servida nos córregos Caixa e Mãe Bonifácia ("água servida" é um eufemismo para a água que acompanha o cocô de cada apartamento, aliás, o prédios cuiabanos não são apenas belos e caros, também fedem a merda).

Tirando a cotidiana agressão ambiental dos vizinhos, a ação matutina e vespertina dos ladrões e tarados, também acontece do Parque ser tomado à noite por indivíduos que se regalam com variados aditivos ou que usam seu espaço para furunfar ou ainda a sua quietude para descansar de uma noitada.