sábado, 8 de agosto de 2009

Os bons cuiabanos - finado Lehel Szonyi de Silimon


No começo dos anos 70 o trabalho de um arqueólogo húngaro se tornou nacionalmente conhecido através da revista Veja ao noticiar a descoberta de um sítio arqueológico em Corumbá, três meses depois uma bala calibre 44 arrebentou o coração de Lehel Szonyi de Silimon.

Quem matou o húngaro?

Lehel Szonyi de Silimon saíra do seu país em 1953, aos 23 anos, e trabalhava para o governo federal e, num convênio, para a CODEMAT, a companhia de desenvolvimento de Mato Grosso, até a noite de sábado de 1º/09/1973, quando foi morto na sua chácara no Coxipó.

O delegado Zuzi Alves da Silva, major da PM e delegado regional, não teve dúvidas, começou a procurar algum agente soviético na região porque o assassinato era coisa de comunistas e, como em Cuiabá há poucas famílias de origem russa, era questão de tempo até pegar o assassino.

Entretanto, o morto não era ativista político e tinha saído da Hungria antes da invasão soviética em 1956. Então, o delegado passou para os suspeitos habituais. Mas, o trabalho foi duro.

O húngaro era de "coração tão duro quanto de velho alemão", de "boca tão suja quanto de puta cigana" e "tão mal quanto o desenho do Pica-Pau". Com o gênio violento e explosivo, o arqueólogo tinha muitas inimizades e mau-querências, desde o dono do mercadinho, passando pelos vizinhos, pelos colegas da Universidade, do trabalho no estado até a mulher, Liolina Silimon.

O delegado excluiu os suspeitos até chegar ao caseiro João de Castro Magalhães, o “baianinho”, que havia matado em Barra do Bugres. Elementar, o assassino é o caseiro!

O Baianinho ficou preso por duas semanas e não piou, até que o diretor da CODEMAT Gabriel Muller, primo do todo poderoso senador Filinto Muller, chamou dois investigadores paulistanos que, em algumas horas de diligente trabalho chegaram ao assassino.

José Longuinho da Silva, um jovem pedreiro pobre, analfabeto de pai, mãe, e dezenas de irmãos, que receberia Cz$5mil (ou R$10mil) pela execução. O pistoleiro recebeu apenas 800, (ou R$1,6mil) mas não se importou, gastou tudo na zona e teve o momento mais brilhante da sua vida - nos anos 2.000 foi morto por outro pedreiro devido a insistência em querer fazer troca-troca.

O mandante foi Liolina Silimon, uma morena baixinha e roliça de 38 anos que não agüentava levar tapa na cara e pontapés do marido.

O caso foi esse. Em 2009 se vê que foi um caso besta. Agora, qual é a importância do finado Silimon? Os Paiaguás, os ferozes índios canoeiros chamados de "piratas do pantanal". Quer dizer, de tudo o que fica na vida do finado arqueólogo Lehel Szonyi de Silimon é o seu trabalho sobre um grupo étnico extinto há 200 anos e que deve estar depositado na CODEMAT ou no Arquivo Público, ou no Museu Rondon (foto abaixo , na UFMT).

4 comentários:

Unknown disse...

Boa tarde, meu nome é Marisol Szonyi Zamorano, sou sobrinha de Lehel Szonyi de Silimon e gostaria imensamente de saber quem foi que escreveu este artigo sobre ele e como conseguiu essas informações, ficarei muito grata e desde já agradeço, aguardo retorno.......

13091973 disse...

Mari, o artigo é apenas uma releitura do que saiu em três edições da revista Veja entre julho e setembro de 1973. Acho que foram reportagens do correspondente em Cuiabá, que continua na ativa, Jê Fernandes.No caso, a revista Veja poderá ser acessada através do http://www.veja.com.br/acervodigital/home.aspx

CLER MARIA FOTOGRAFIA disse...

Oi gostaria de entrar em contato com o dono do blog...
urgenteeeeee
helsilcer

Piqui disse...

Pessoas como ele nunca viram nome de rua...

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