O mosquito da dengue, o Aedes Aegypti, provocou quase um milhão de notificações e quase mil mortos no Brasil em 2010; Sendo que em Mato Grosso foram notificados 45.104 casos da doença e registradas 54 mortos, segundo a Secretaria de Saúde. A situação foi tão pavorosa que haviam cidades com índices de 30% de infestação (quando o aceitável seria 1%).
Se as coisas são graves, é necessário o empenho de cada um nesse problema e, para isso, são necessárias as campanhas de alerta quanto aos perigos do mosquito e as obrigações de cada pessoa. Então, para que as coisas não se repitam em 2011 foi veiculada a propaganda “picada mortal” patrocinada pelo Poder Legislativo.
Entendi bulhufas da propaganda. Eis que a imagem de um bebê dormindo em paz é assolada por escorpião, aranha e cobra, ou bichos peçonhentos agindo à noite justamente no período em que o personagem principal, o mosquito da dengue, está dormindo.
É uma peça publicitária ruim, tão ruim quanto qualquer outra da Assembléia Legislativa, a “Casa do Povo” ou “Casa de Leis”. A ruindade não é explicada pela carência de publicitários criativos ou ausência de bons comunicadores - as peças do Supermercado Big Lar ou o trabalho da dupla Nico & Lau provam isso. Quem fez esse comercial?
Segundo o excelente site www.propagandamt.com.br "a campanha desenvolvida pela DMD Comunicação com criação de Léo Stefan, Afro Stefanini e Chris Antonucci, chama a sociedade para uma reflexão importante. Até quando inocentes irão pagar pelo descaso de algumas pessoas. É preciso dar um basta nisso".
O comercial, convenhamos, é truncado por que as imagens de perigo não associam o bebê à dengue e sim a perigos abstratos. Acho que todas as mensagens deveriam ser tão diretas e com entendimento tão instantâneo quanto um chute no saco, levou sentiu. Oras, porque a Assembléia se meteu nesse negócio e quem é a DMD?
Por que a Assembleia não divulga apenas a atuação dos seus parlamentares?
Simplesmente porque isso é missão quase impossível para as três agências de publicidade contratadas pelos parlamentares. A resposta é sempre a pergunta “qual atuação?” Não há nenhuma, tanto que a atuação dos deputados no afamado Zoneamento Sócio-Econômico Ecológico (ZSEE) mostrou que não possuem estatura para os grandes negócios de Mato Grosso.
Então como justificar os R$10milhões gastos em publicidade? A melhor saída é divulgar ações de utilidade pública, como o combate a dengue, o da “picada mortal”.
A agência de publicidade DMD é uma das grandes de Mato Grosso. A DMD foi criada no começo dos anos 90 por Márcia Antônia Ferreira de Moraes Campos e o cunhado José Dorileo Leal, que trabalhava nos anos 80 para Mauro Cid e depois virou sócio de Ricarte de Freitas Junior e do irmão, João Dorileo Leal, o dono do maior grupo de mídia de Mato Grosso, chamado Grupo Gazeta.
Ambas, a DMD e A Gazeta cresceram e apareceram em meados dos anos 90, durante o governo tucano de Dante de Oliveira, ou "Senhor Diretas Já", mas em em 1998 as empresas e os homens de confiança do governador foram parar nas crônicas cuiabanas devido ao “Caso Secomgate” em que o secretário de comunicação Antero Paes de Barros teria desviado o equivalente a R$500milhões para financiar campanhas do PSDB.
Casos como o “Secomgate” e o “MS Almeida” foram dois dos piores momentos dos anos Dante de Oliveira. Arquivados, poucos se recordam dessas histórias que se passaram há mais de dez anos, e hoje são apenas isso, histórias truncadas e mal contadas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário