quarta-feira, 11 de maio de 2011

Os bons negócios cuiabanos: golpes em servidores públicos

Naianderson Godinho da Rocha, ou Neco Rocha, é mais um dos discretos milionários mato grossenses moradores de Várzea Grande.

Mas as coisas nem sempre foram calmas para esse mineiro quarentão, ex-severino de uma auto-escola cuiabana que trabalhava até tarde e chegava bem cedo e que, por conta disso, dormia com o carro da empresa. Numa certa madrugada se soube que o carro envelopado da auto-escola era artifício para passar batido pelas barreiras policiais, eis que o monitorado Neco Rocha acabou preso pelos pés-pretos transportando uma arroba de pó boliviano em 2004.

Apesar dos reveses do destino, o filho da dona Nair e do seu Anderson acabou por aceitar os três anos de condenação e ao sair firmou fé no jesus da teologia da prosperidade e começou um negócio menor, porém mais lucrativo e menos arriscado. É claro que não se conta o pulo do gato dos negócios lucrativos, mas nosso pau-rodado empreendedor investiu fortemente em assuntos financeiros e chegou a faturar R$1milhão por ano em Cuiabá, MT e Belo Horizonte, MG.

O sucesso lhe abriu portas e danado que só vendo não se meteu em roubadas não e continuou na mesma empreitada sozinho ou com um ou outro companheiro porque sabia estar gulosamente visado no mundo cão policial-marginal. Mesmo pisando miudinho sua fama de safo nos negócios acabou por atrair até Mato Grosso o seu primo bonachão Dinho Rocha.

Weiden Silva Rocha, ou Dinho Rocha, ou Wender Rocha, nasceu nas roças mineiras, mas queria algo melhor que o interior e partiu prá capital onde deixou a caipirice prá trás fazendo uma tatuagem muito louca no braço e colocando um brinquinho na orelha esquerda, por que isso é coisa de macho. Desbundado em Belzonte achou que se daria bem mesmo era nas praias nordestinas onde sempre tem mulher e dinheiro, ou se não tem um sempre tem outro. O problema é que se deu mal em Fortaleza, CE, e acabou batendo na porta do primo bem-sucedido em Várzea Grande, MT, o Neco Rocha.

Em solo mato grossense, terra do leite e do mel com traços de agrotóxico, Weiden Rocha foi apresentado pelo primo à irmã de fé, a jovem evangélica Heckyelly Mendes Pereira que se impressionou pelo motoqueiro de pouco juízo mas grande cilindrada e acabou por mandar seu escrúpulo às favas. A irmãzinha cortou o cabelo, fez tatuagem, botou piercing, abandonou os estudos e, acompanhou o seu príncipe encantado na curtição das delícias desse mundão véio sem porteira.

Abençoadamente o jovem casal acabou por ter uma bela filha com nome de reboque de moto chamado lana em 2009. A vida continuava em doce maré mansa até serem denunciados por comerciantes invejosos do seu bom estilo de vida. Acabaram presos em 2011.

Weiden Silva Rocha ganhava a vida, e nunca escondeu isso de ninguém, através dos golpes de estelionato, ou 171, junto aos demais artigos do código penal que dizem que se equipava e fraudava documentos para transformá-los em dinheiro jogando o prejuízo às seguradoras. A última acusação foi a de que fraudava documentos de carros junto ao DETRAN e também se passava por servidores públicos bem remunerados pelas quais obtinha empréstimos de até R$100mil junto aos bancos. O golpe era simples:

Após pagar R$500,00 por uma carta de motorista vencida, limpava quimicamente o documento e inseria os dados do funcionário público com margem consignável superior a R$100mil. Assim, com a nova CNH emitia um holerite do funcionário-alvo e procurava um banco para obter o empréstimo, usando a sua própria cara ou usando laranjas que recebiam 20% nesse negócio. A cada cinco tentativas se frustrava em três e a cada dois negócios bem-sucedidos perdia um a título de custos operacionais nunca revelados. Mas antes de ser preso amealhou o pé-de-meia de R$800mil.

Apesar dos bons negócios Weiden Rocha não chega a ser um Marcelo Nascimento da Rocha, paranaense reconhecido como “o maior vigarista do Brasil”, cumprindo pena em Cuiabá e personagem do filme VIP´s com Wagner Moura. Na verdade, Weiden, que detesta o próprio nome, é apenas um jovem que se descobriu repentinamente já trintão, sem muito estudo, calvo, barrigudo e pai de família. Após dois meses de cadeia resolveu recobrar a corzinha nas praias para voltar mais animadinho ao seu palácio com o intuito de virar empresário responsável e respeitável em terra tão boa e que o acolheu tão bem quanto Mato Grosso.

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